Morreu na madrugada deste sábado (13/5), o jovem Lucas Neres de 20 anos que, desde o nascimento lutava contra uma bronquiolite obliterante, uma grave patologia pulmonar. O corpo, que está em Porto Alegre, onde o rapaz estava internado desde 3 de abril, deve ser trazido para DF, a fim de ser sepultado no cemitério de Planaltina na próxima terça-feira (16/5).
Lucas nasceu no Hospital Regional de Planaltina. Logo no primeiro mês de vida, a doença já começou a manifestar os primeiros sintomas, dificultando a respiração do bebê. Ao longo da vida, o rapaz, que perdeu todo o pulmão esquerdo e tinha o funcionamento do direito bastante comprometido, foi submetido a diversos tratamentos que não apresentaram resultado. Em diversas reportagens, o Correio acompanhou a história do garoto e sua incansável luta pela vida.
A esperança de Lucas era receber o transplante de um novo órgão. Em busca disso, a família realizou uma campanha para conseguir o dinheiro para levá-lo ao Canadá, onde o procedimento poderia ser realizado. Infelizmente, a verba necessária não foi alcançada. No entanto, por obra do destino, o aparelho para a realização do transplante chegou a Porto Alegre no ano passado. Desde então, o rapaz e seus familiares se mudaram para a capital gaúcha.
Enquanto aguardava a chegada de um novo pulmão, a situação de Lucas se agravou. Desde 3 de abril, ele estava internado na UTI do hospital Santa Clara, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. De acordo com a mãe, Irani Neres, uma equipe de 25 profissionais fazia de tudo para melhorar o quadro clínico, mas o garoto não reagia aos tratamentos. Mesmo assim, ele não perdia as esperanças. “A última vez que ele falou foi em 5 de abril. Ele olhou para os médicos e disse: ‘Eu sou o Lucas. Sou de Brasília. Espero um pulmão e vou receber. Deus está comigo’. Depois, ele cantou a música Já deu tudo certo, do Padre Marcelo Rossi”, relatou Irani.
Na última terça-feira, Lucas entrou em coma e só respirava com o auxílio de aparelhos. A mãe conta que seu pulmão estava endurecido e os médicos desconfiavam que ele havia desenvolvido uma doença autoimune — por isso não respondia aos tratamentos. Enquanto esteve internado, o garoto também sofreu algumas paradas cardíacas. Por isso, os médicos realizaram um eletrocardiograma na sexta-feira e aguardavam o resultado do exame.
“Os médicos me disseram que, dependendo do que o exame mostrasse, seria preciso tomar uma decisão muito difícil. Eles não me falaram o que era, mas eu imaginava que seria para desligar os aparelhos.
Segundo os médicos, aos 20 anos — completados no último sábado (7/5) —, Lucas atingiu uma idade que nenhum outro paciente com bronquiolite obliterante já havia alcançado. Isso demonstra a força com que o garoto lutava pela vida e serve de alento para a mãe neste momento difícil. “Fico confortada, porque sei que fizemos tudo o que era possível. Eu larguei a minha vida para viver a vida dele e não me arrependo”, afirmou.
Traslado e entrerro ficam por conta da Mancha Verde
Apaixonado pelo Palmeiras, Lucas terá o enterro organizado pela filial brasiliense da torcida Mancha Verde. A mãe do garoto disse que integrantes da organizada entraram em contato com ela e se colocaram à disposição para cuidar do translado e das cerimônias fúnebres. A expectativa é que o corpo deixe Porto Alegre nesta segunda-feira (15/5), rumo ao Distrito Federal.
O enterro deve ser realizado na terça-feira, no cemitério de Planaltina. Palmeirenses do Brasil inteiro prometeram vir à despedida de Lucas. "Eu queria fazer o velório na minha casa, mas o pessoal da Mancha disse que não ia caber todo mundo", afirmou Irani. Em uma nota de falecimento publicada pela Mancha Verde Brasília no Facebook, a organizada exalta a luta do jovem e se solidariza com a mãe: "somos também a sua família".
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